terça-feira, 24 de fevereiro de 2009


Eu?

Eu estava olhando a pipa e não olhei o mar.

Quer dizer...
Quando eu vi, o Sol já levava as moedas de prata – feitas de seus raios de ouro transvestidos de tons de cinza ou preto e branco.
Eu estava olhando, vigilante ou quase, a pipa e seus movimentos muitos, no céu das nuvens, do dia preto e branco ou em tons de cinza...
Deixei as moedas escorregarem para o outro rumo junto com o Sol na redonda, ou quase redonda Terra, em tons.

É...

Não apanhei as moedinhas de prata – ou seria ouro branco?! – pois estava olhando a pipa.

Imagino que todos estavam de olho na pipa...
Porque mesmo os mais próximos só pararam para olhar as moedinhas enriquecedoras sobre o mar quando o Sol já as levava...

Até mesmo os da barca não partiram em busca das moedas.

Nem se debruçaram sobre a madeira envelhecida, tons de cinza ou mais preto que branco, para sequer tocá-las...

[E eu tenho certeza que aquelas moedas tinham valor.]

Será que acharam que elas nunca iriam escorregar?
O que eu sei, é que eu não fui catar moedas porque meus olhos catavam a pipa.

Mas porque a pipa?


Sei lá...
Mas foi a pipa.


E mesmo sem as moedas... Eu fiquei rico.

?

Os pés no chão
As mãos nos bolsos
O céu observa
Olhos alheios filmam
A mente cresce
Entristece
Talvez se perca
Na consciência do mundo
E porventura caia em sono profundo.

O racional segura na mão
Transforma o doce da vida “em vão”
E tudo o que é pequeno fica só
Na caixinha com objetos e poeira acumulada
Pelo subúrbio dos sonhos antigos
Mistérios, amores e perigos
Valiosos e escondidos
Porque não só de pão vive o homem
Não só de ouro
Não só de pele
Mas do tesouro
Do tesouro
Que talvez um dia
Num passo ou n’outro
Se revele.

três marias 19/03/2008

sonhadora flor-mulher
firme mulher-flor
sabe como ir
e sabe se abrir
talvez florescer seja natural

e quer escapar desse mundo cinzento
não ser como parece, só fragilidade
romper com a tristeza, romper o cimento
juntar suas cores e ser majestade
pode ser bem mais
que o cinza da tarde.

e quer escapar da loucura alheia
não ser uma escolha, ser só o talvez
quer ser mas que o sangue que corre na veia
pois ter esse traço de insensatez
pode ser bem mais
que a certeza que tens

27/02/2008

Sinto-me tão bem
Pode questionar como vai a vida
Que eu digo que ela segue
Sem ferida aberta
Ela está certa
De que vai vingar
Como a semente vingará
Como a flor desenvolverá
Importa tanto sabe por que faz
Se me faz bem?
Implica tanto saber o que tu és?
Se me faz bem?
Não tenho os olhos fechados
E meu sorriso não é de fachada
Sigo exultante na estrada
E digo
Sinto-me tão bem
E sinto
Sinto-me além
E além e assaz
Sinto-me em paz

15/12/2007

buscando o ponto de equilíbrio.

meu mimetismo é seletivo.
depois de pegar a vareta de cor preta.
vou , mesmo como um veleitário.
vou e busco quem sabe
uma epifania
idealista?
podem me rotular...
louca?
tentem me definir
mas enquanto eu não chegar
(para reconstruir ,então, um outro sonho)
serei quixotesca e policarpiana.
(sonharei este)
mas meu destino mudará no epílogo.
será concreto.

29/11/2007

Ficarei monologando um tanto na tua janela, porque é quase que ilusão de ouvinte.
(Eu me sinto só agora)
Na verdade, ouvinte e não ouvinte, quase um terapeuta que ouve o que não seria dito num papo descontraído.
Porque é quase um segredo, algo que não seria fácil de ser visto, ainda que os olhos estivessem nos olhos.
Por isso, assim, é bom monologar, falar só da própria solidão.
Daquelas vontades repentinas de tomar chá de sumiço,que nem tanta gente toma e some sem deixar vestígios,naqueles dias de sensações de nada ser verdade.
Nada ser caso sério.
Nada ser coisa certa.
O chão se desfaz sob os pés e os pássaros não se calam, cantam alegremente. Eles não se dão conta.
E a dança, a dança, a música, a música continua e a solidão.
Para um lado e para o outro, ventos, pétalas e eu da tua janela.
Já não só monologo, além, eu danço, eu canto e interpreto e vôo, eu vôo sobre o chão desfeito.
Minhas asas não mais suportam meu peso e eu precipito...
Mas ao cair, estou já leve feito pluma.
Mas importa?
O chão se desfez
Poço sem fundo.
Crê?
Que me sinta assim tanto e ao mesmo tempo?
Não! Não responda!
É ilusão de ouvinte.
Existe e fica mudo ou não existe!
Palavras tuas me silenciariam...
Deixe-me permanecer na tua janela.

2007

prendeu os cabelos...
daquele jeito mesmo
daquele mesmo jeito
que era pra não soltar...

vestiu-se sem saber
daquele dia todo
daquele todo dia
que era de se esperar...

calçou-se com receio...
daquela chuva dos olhos
daquela das nuvens a chuva
que os pés havia de molhar...

olhou-se antes de sair...
daquela cor de saudade
daquela saudade de cor
que aprendera a decorar...

prendeu os cabelos...
vestiu-se
calçou-se
olhou-se
era pra nunca mais voltar...


. maio 29 .

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Mande notícias.

Por um certo tempo antes de sua partida,encerrara no rosto com sorrisosuma tristeza que durou de sempre,vista desde que arrancou de si aquela falsa alegria de encorajamento.Vivera longe por muito mas tempo, inegavalmente.Foram 20 anos.E o amor que sempre esteve ali soube ser-se no momento exato.A partir do momento,do quarto para a sala já era demais o espaço.Tentava passar alegria na sa voz, pelo meio de comunicação boca- ouvido.Ele nunca ouviu nem viu o padecer de sua alma,mas sabia que acontecia.Há sempre uma hora do descaminho.Às vezes o som segue uma rota tão perfeita, mas não encontra seu encaixe.Mas há de ter a hora do tempo que vem e traz consigo a verdade para todas as coisas da vida.Para que as coisas da vida não andem tão divididas, tendo de ser uma só...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

você escolhe o tecido
eu escolhi um do bom.
estica de cá e não falta de lá
estica de todo lado e só aumenta
sem rasgar
até o homem elástico veio ver
queria uma roupa desse tecido
eu lhe disse,com meio sorriso:
-não tenha pressa:todo mundo que quiser encontra
desse amor pra se vestir.
quero estar junto de tudo o que existe
sendo alegre ou sendo triste
quero fazer-me parte
de toda e qualquer arte
de cada um

me deixa ser a mulher da sua poesia
deixa-me por um dedo na tua arrumação
deixa minha voz do jeito que é participar
deixa minha canção ser popular

quero moldar-me num sorriso teu
faz de mim palhaço
deixa eu ser Romeu
diz que meu pé é o melhor do baião
que minha dança tem afinação

quero ser tudo
e ter junto
tudo o que existe