quarta-feira, 8 de outubro de 2008

antiguidades*

em dias de Sol
nem tudo é luz
nem tudo conduz
ao si bemol
tempo de ser só
silente
sou rio intermitente
sou o que resta ou o nó
sou a penumbra do fulgor
ou a parte que cega
que comete jura e que nega
que eleva-se no contrapor
em dias de Sol
também há ausência
e o viver
anda no rol

antiguidades*

Do que de errado eu faço

Corrijo num passo

Refaço

Não sou de aço

Mas vou

E me traço

Sobre os traços

Dos erros...

Os crassos e os não cometidos.

antiguidades*

E havia dois caminhos
Traçados talvez
Jogados a qualquer sorte talvez
Talvez não
Talvez canção levando a morte
Os corações que
Perdidos num caça palavras
De verdades que
De mentiras se mascaravam
Na incrível peça teatral
De dúvidas...
Como pode transformar-se num poço de água límpida?
Como pode transformar-se em transparência.
Em trans-lucidez.
É a própria
Sem loucura
Só de amor
Ela só de amor
Ela só.
E sem mais...
Sumiu-se tudo
Perdeu-se tudo
E tudo se achou...

antiguidades*

...

Me pinte de música que eu quero dançar na minha moldura!
Eu quero me modelar em pote de tinta.
Me pinte , me tente , me jogue nas flores.
Me atraia com som!
Me seja um personagem.
Me dê um cenário que eu quero ser dele objeto principal.
Me tire do papel que eu quero cantar e neste desenho esqueceram de desenhar minha boca.
Me ponha uma asa ou me deixe bem leve que quando eu dançar eu quero voar e pintar o céu de colorido.
Pegue esse batuque, batuque do samba e crie aqui dentro pro meu peito sambar!
Incorpore esse acorde que o meu dedo está louco pra cantar o dó e o meu corpo está louco pra dançar no Sol.
Me rime com azul e amarelo.
Me encante com sua varinha de cordel.
Toque no verde e emita essa fala.
Me fale em tom de rodopios pela sala.
Maracat’use-me como quiser.
Pegue em mim um pouco de sonho.
Sonhe-me bem presa ao chão.
Componha minha sapatilha que eu quero dançar ao som de Grotowski.
Me colha no vermelho.
Colha o vermelho sem fazer sentir dor.
Colha a dor e de mim o anseio.
Colha notas e forme um buquê de flor.
Pegue tudo e jogue na tela.
Fotografe o barulho e fale que sim.
Me fale com melodia.
E colha outra eu de mim.
Me filme, me quebre, me monte.
Desmonte e monte já não como fez.
Não esqueça de olhar para a música.
Antes de me pintar de música outra vez...