segunda-feira, 29 de março de 2010

na cozinha

deixe que ecoe ecoe ecoe
mas coe coe coe, menina
pense como é forte e amargo
o gosto do pó

não deixe dar bicho
jogue fora
não deixe mofar, estragar ou parecer ruim

agora seque essas lágrimas
foi só um susto
não é mesmo dor
vai ficar só um pouco vermelhinho

quarta-feira, 17 de março de 2010

Que queres de mim, meu bem? 
Que me recoste aconchegada no teu colo? 
Que consinta, em mim, pulsação e aquieto sem governo?
Que me descanse sincera ao lado teu, suspirando...
Dissimulando um coração inconsútil?

Ah, meu bem!
Queres que eu anseie amanhar as flores que me remete?
Que não me desassossegue com coisa nenhuma?
Que eu seja firme e inabalável em tudo o que digo?

Ora, meu bem...
Já não posso.
Desejava, eu juro, mas já não posso...
Já me dediquei ao faz de conta de tantos jeitos quanto pude
E agora creio que o caminho é só
Ou que o limite tênue, que deveria ter descoberto...
Foi excedido.
E devo adiantar a minha passagem do mesmo modo.
Depressa e antes.

sábado, 6 de março de 2010

baby, bye bye.

estou farta
de ser ponto
estou na ponta
do desencontro
não se espante
se de repente
depois do sim
até o talvez
se for de vez

Maria das Virgens

Sempre esteve perto do chão.
Desde pequena subia em saltos, não se equilibrava e logo caia.
Era muito branca, e pra ser visível lá estava ela, acesa na escuridão.
Com mania de grandeza, deixou o cabelo crescer, crescer, crescer...
Maria das Virgens sabia que não seria tão grande no tamanho como no nome composto.

Berenice

Tinha olhos de lua cheia.
Havia quem os achasse belos.
Havia gente sem opinião.
Ela até gostava deles, porem mais de seus fios ruivos sem voltas.
Já bastavam as voltas que a vida dava...
Por causa de um dente torto,o que Berenice não gostava era de sorrir pra fotos.

Solange

Queria mesmo é ser estrela. tanto que só vive de dedo estendido apontando para o céu.
Desde cedo teve leucemia...
E sob o Sol, sua carequice, sempre brilhou.

Cristina

Cristina era uma vaidade só!
Pintava rosto, pêlo, boca.
Seus cachos eram bem definidos.
Ninguém nunca soube sua idade de pois que passou dos 12.
Cristina, não se viu envelhecer.
Viram quando já estava  de algodão no nariz.
Como se escondia ela atrás de tintas...

Marina

Ninguém sabia o seu rosto.
Só sabiam que ela dançava e que seu vestido antigo, quando os pés estão nas pontas, lambia suavemente o chão.
Em todo fio de seu cabelo havia um semi ou um círculo.
Marina, não conhecia seu rosto.
Viu-se envelhecer sentindo suas mãos.
O mundo de Marina quase não tinha cores, todos os dias.