segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O vôo do pássaro miúdo.

Pousa em fio, em telha, na árvore, em muros e até na cozinha lá de casa.
Voa alto, como eu não alcanço com as mãos.
Voa baixo, raso, fundo.
Pisa os pés no chão e a cabeça em oooutro mundo!
Vai voando, bate rápido, bem rapidinho as suas pequenas asas, pára e logo volta a batê-las novamente em seu oscilante vôo.
Bem como uma onda, já reparou?
Sentei-me um dia desses num banco, tendo muito o que fazer e pus-me a olhar o céu, a tardinha.
Vi um, dois, três! E o canto de vários...
Eram todos pequeninos e planavam bem pouquinho.
De tanta atenção que prestei no seu voinho, pude saber do barulho de suas asas.
Fazia um vento frio e o Sol já se deitava avermelhando as construções.
Constatei que a Terra roda com o movimento das nuvens.
E que tudo tem um tempo certo de ser, como as muitas e poucas ondas, assim como o vôo do pássaro miúdo.

Graciara de Azul

Parece que sabe ser rainha e doce.
Ser fluidez de água pura.
Seus longos cachos são como ondas que deslizam pelo seu ombro de pele macia, porém hoje pelo azul do vestido, da sua cor, cor de mar de céu sem nuvens.
Toda a graça e delicadeza de ondas frenéticas refletem bem azul quando Graci sorri.
Toda a manha do ir e vir das águas.
Graci-Iara, resolveu ser como é.
Pôs também a luz do Sol e da lua que cintilam sobre o mar: os pés de prata.
Faz tempo que eu sei dela e que deve ser de Oxum.
Onda e água.
Luz e água.
Graciara de azul.

domingo, 6 de setembro de 2009

 Pra se abrir, flor.
Há de se esticar
Há de permanecer num desatino
Até que se complete o desabroche
Há de mudar o como de sentir as gotas da chuva
De conversar com os insetos
Há de não ter medo do destino
Não há como, com a cor viva que tens
 De não sentir uma falta
Não há como, com a vida que passa
De não se despetalar
Mas há de mudar o jeito de sentir o Sol
Te aquecendo, então, por dentro
Secando as feridas do seu rebento
Aliviando o úmido resquício do orvalho,
Que sobrou da sua última partida alaranjada
Flor, é mesmo assim  
Vai entender
O Sol vai e volta
Assim como a chuva
Mas não há o que temer
Pois o aquieto sempre se acalma
Passem horas
Sons
Ventania é mar
Onda de avião
Sentimento é par
Pura sensação
Agonia vã
Tudo é posição
E verdade
É pé
Nasce encantação
Se me disseres
Seja o que quiseres
Seguirei a voar
Uirá
Pássaro sob o Sol
Asso sob o fogo
Queimo sobre o nós
Vermelho
Espelho em que me vejo
Mas não vejo o que queria
Enfim
Seu olhar não é só meu
E a paz?
Assaz, assaz, a sós
Paz? Fogo? Paz!
Venha me dizer que não
Que sim...
É bebedeira
Poeira
Visão
Sã?
Translúcida
“Melúcida”
Sabes da melodia
O dia é dia
Bem depois de chover